Em um mundo onde nunca ficamos desconectados e cada vez menos empresas concentram quantidades maiores de dados, fica difícil imaginar uma web descentralizada e com maior controle das nossas informações.
Entretanto, a cada dia esse cenário se torna mais próximo de nossa realidade com a chegada da chamada “Web 3”, uma nova geração da World Wide Web que já conhecemos, mas com maior transparência e segurança.
Como começou?
Antes, precisamos compreender a evolução da Web e como ela funciona, recentemente lançamos um artigo sobre a origem, funcionamento e evolução da linguagem de marcação HTML. Ela é essencial para entender a Web e sua importância.
A Internet em seus primórdios é chamada de Web 1.0. Sua principal característica é o formato de sites simples, com visual básico e nenhum recurso interativo com o usuário. Em outras palavras, a Web 1.0 nada mais era do que aquele projeto original que Tim Berners-Lee desenvolveu para aprimorar o compartilhamento de artigos científicos.
Com o passar do tempo, a necessidade de aprimorar os sites e torná-los mais interativos, fez surgir a Web 2.0, com uma série de novas tecnologias que trouxeram os sites como conhecemos hoje. Sem essa evolução, não seria possível a visualização de conteúdos dinâmicos em sites, como blogs, redes sociais, serviços de streaming, armazenamento em nuvem e muito mais sendo exibido diretamente em nossos navegadores através dos protocolos HTTP e HTTPS.
Vale lembrar que algumas das tecnologias utilizadas na Web 2.0 já existiam na geração Web 1.0, tornando a separação cronológica dessas duas fases algo difícil. Aqui no Brasil, tivemos um período curto da Web 1.0, pois a maioria dos sites populares acessados no fim dos anos 1990 já tinham conteúdos dinâmicos, como portais de notícias e chats de bate-papo.
Mas e a Web 3.0?
A denominação “Web 3.0” foi criada em meados de 2014 pelo britânico Gavin Wood, cofundador da plataforma Ethereum e da criptomoeda Ether. Segundo ele, este protocolo da blockchain é a base da tecnologia envolvida na Web 3.0.
Foi então que ele decidiu fundar a Web3 Foundation, para “financiar equipes de investigação e desenvolvimento que estão construindo as bases”, além de uma empresa de infraestrutura blockchain chamada Parity Technologies.
A ideia da Web 3.0 parte das raízes da Internet, onde não havia grandes centralizações de dados. O que se espera com a Web 3.0 é o retorno da essência da Internet, onde ninguém controla em grande proporção uma das maiores ferramentas de comunicação da atualidade.
Quem estará por trás disso será a tecnologia blockchain, capaz de criar “blocos” e formar cadeias de dados. Com isso, os usuários serão capazes de escolher entre milhares de centro de dados em todo o mundo onde e como desejam que suas informações sejam guardadas e distribuídas.
Atualmente, segundo dados da McAfee de 2019, a AWS (Amazon Web Services) controla cerca de 41,5% dos dados em nuvem, com a chegada da Web 3.0 haverá mecanismos claros para verificar e descentralizar dados, resolvendo problemas até mesmo como as fake news.
A Web como conhecemos hoje se baseia no protocolo HTTP, nascido junto ao HTML e outros padrões criados para a Internet. Ao digitarmos o link de um site, a informação é trafegada até o servidor que hospeda aquele site e enviado de volta a nós. Com a Web 3.0, milhares de centros terão uma cópia comprimida, criptografada e não manipulável, tudo através da tecnologia P2P (Peer-to-peer), a mesma já utilizada no compartilhamento de arquivos e outros serviços como Torrent e a AudioGalaxy.
Um outro fator que deve ser levado em consideração para que haja essa migração, é a segurança. A base da Web 3 é a tecnologia blockchain, que há mais de 10 anos ninguém foi capaz de invadir. Dessa forma, todos os dados estarão armazenados em inúmeras cópias e criptografados de forma inviolável.
E levará quanto tempo?
A chegada da Web 3.0 em nosso cotidiano será algo gradual e que dependerá de uma ampla participação das empresas e da sociedade. Por se tratar de uma reestruturação da Internet como a conhecemos, tecnologias já existentes terão que ser adaptadas para os novos conceitos, mas novas tecnologias que serão utilizadas no futuro já estão implementando as novidades.
Muitos especialistas concordam que essa mudança não será uma tarefa fácil e que pode levar décadas. Aos poucos, as grandes empresas vão investindo cada vez mais neste mercado, como por exemplo a Meta (antiga Facebook) que vem alocando cada vez mais recursos no estudo e implementação do metaverso.
O investimento também chega no Google Cloud, que hoje é o terceiro maior centralizador de dados em nuvem da Internet (cerca de 3%, segundo a McAffee). Foi anunciado a criação de uma equipe focada nas tecnologias da Web 3.0 e cripto, além do posicionamento do CEO Sundar Pichai em 2021, afirmando que o Google Cloud seria apenas uma das formas da empresa se posicionar na tecnologia blockchain.
Mas também há aqueles que são céticos a essa evolução, como Jack Dorsey, cofundador do Twitter, que em uma entrevista disse que a Web 3.0 “é uma entidade centralizada, mas com uma etiqueta diferente”.
Em meio a essas declarações, investimentos e novidades chegando, nos resta agora aguardar por mais novidades dessa área da tecnologia tão fascinante que é a Web pois com certeza o futuro nos aguarda muitas surpresas.
Para saber mais sobre Web 3.0, confira a participação do Desenvolvedor Web da ModalGR Luiz Reimann no quadro BDC Futuro, da Santa Cecília TV.